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Os 12 Melhores Poemas de Cecília Meireles! 🌹📜

Leia os poemas de Cecília Meireles, os quais estão ordenados na lista abaixo. Após a lista, você pode ler uma introdução sobre essa grande autora, mas fique à vontade para ir direto às suas poesias!

  1. Murmúrio
  2. Retrato
  3. Lua adversa
  4. Motivo
  5. Canção de Outono
  6. Pus o meu sonho num navio
  7. Fio
  8. Canção
  9. Improviso do Amor-Perfeito
  10. Despedida
  11. Personagem
  12. Marcha

Breve Introdução sobre Cecília Meireles

Cecília Benevides de Carvalho Meireles (1901 – 1964), a renomada Cecília Meireles, marcou a história, como a primeira mulher a conquistar uma grande posição de destaque na literatura brasileira.

Seu fascinante trabalho transcendeu os limites geográficos. A escritora não só ministrava cursos e palestras pelo Brasil, como fazia-se presente em outros países, como Portugal e Estados Unidos.

A cativante poeta era uma ativa defensora de uma educação pública de qualidade e laica para todas as crianças, como principal meio para combater a desigualdade do nosso país.

Tal comportamento se traduziu na criação de livros didáticos e poemas dedicados ao público infantil. Em 1934, a autora ainda chegou a fundar a primeira biblioteca infantil no Rio de Janeiro.

Um exemplo de Ser Humano!

Embora comumente classificada como uma autora modernista, os poemas de Cecília Meireles também apresentavam influência do simbolismo.

Suas poesias abordam temáticas universais, como o amor, o tempo, a introspecção, dentre outros. Outro traço eram seus versos reflexivos e filosóficos, que denotavam a busca pela compreensão do mundo.

Além disso, suas obras são harmoniosas em musicalidade, bem como explorava de forma fluida o emprego de elementos abstratos em seus versos encantadores.

Enfim, leia uma fascinante seleção de poemas de Cecília Meireles e encante-se com seus versos!

Confira os Poemas de Cecília Meireles

1. Murmúrio

Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
— Vê que nem te peço alegria.

Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
— Vê que nem te peço ilusão.

Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
— Vê que nem te digo – esperança!
— Vê que nem sequer sonho – amor!

Poemas de Cecília Meireles Murmúrio
Última estrofe de "Murmúrio", um dos poemas de Cecília Meireles, que abordam os nossos anseios. Sobreposto a um céu de camadas alternadas de um alaranjado suave, um azul neutro e um vermelho imponente que também colorem o mar, cortados pela ascensão de uma montanha na lateral direita. Crédito: A imagem de fundo é do fotógrafo com o nome de @jplenio

2. Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
A minha face?

Poesia de Cecília Meireles Retrato
Primeira estrofe da poesia de Cecília Meireles, "Retrato". Sobreposto a imagem de um piso de calçada banhada pelo acúmulo da água da chuva, que cessou e assim, revela o reflexo de uma mulher que anda pela rua com o guarda-chuva pendendo à mão e o olhar borrado pela última gota da garoa. Crédito: A imagem do fundo é de Michael Handsome Gaida, encontre-o no Facebook.

3. Lua adversa

Tenho fases, como a lua,
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua…
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!

Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua…).
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua…
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu…

Poemas de Cecília Meireles Lua Adversa
Quatro últimos versos da primeira estrofe de "Lua Adversa", um dos poemas de Cecília Meireles. Sobreposto ao obscuro céu noturno, que exibe o leve algodão branco e fluido das nuvens e o esplandecer da lua cheia. Crédito: A imagem de fundo é do site Pexels.

4. Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Poesia de Cecília Meireles Motivo
strofe inicial de "Motivo", uma bela poesia de Cecília Meireles. Sobreposto a um céu coberto por nuvens barrocas em tons que fluem dos esbranquiçados aos dourados, com uma leve camada de presença do azul claro do céu.

5. Canção de Outono

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando aqueles
que não se levantarão…

Tu és folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
— a melhor parte de mim.
E vou por este caminho,
certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão…

Cecília Meireles poema de amor Canção de Outono
Primeiros quatro versos da última estrofe de "Canção de Outono", um poema de amor de Cecília Meireles. Sobreposto a uma trilha de terra, salpicada por folhas corais do outono e cercada por árvores de troncos altos e um tapete de mais folhas alaranjadas. Crédito: A imagem de fundo é do autor com o nome de @weareaway_community no Instagram.

6. Pus o meu sonho num navio

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
– depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio…

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

Cecília Meireles obras Pus o meu sonho num navio
Penúltima estrofe de "Pus o meu sonho num navio", um dos poemas de Cecília Meireles. Sobreposto a um navio que navega ao longo do horizonte em um céu aberto e alaranjado pelo pôr-do-sol, que irá de encontro a uma tempestade, que invade o céu com nuvens cinzentas. Crédito: A imagem de fundo é do fotógrafo com o nome de @jplenio no Instagram.

7. Fio

No fio da respiração,
rola a minha vida monótona,
rola o peso do meu coração.

Tu não vês o jogo perdendo-se
como as palavras de uma canção.

Passas longe, entre nuvens rápidas,
com tantas estrelas na mão…

— Para que serve o fio trêmulo
em que rola o meu coração?

Poema sobre a tristeza e o tédio Fio
Estrofe inicial da poesia "Fio", de Cecília Meireles. Sobreposto a imagem de uma mulher de costas que arqueia sua cabeça para frente e para baixo, deixando sua nuca vulnerável ao ar que carrega silêncio e tristeza em uma fotografia de tons cinzentos.

8. Canção

No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas…
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.

Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto

Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.

Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.

E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.

Poesia sobre o amor e o mar Canção
Estrofe final de "Canção", uma poesia de Cecília Meireles. Sobreposto a um mar tão mergulhado em limpidez, que espelha o céu e as nuvens, como a tela de uma pintura a óleo, contemplada por um barco que navega essa obra. Crédito: Imagem do fundo é do autor Diggeo.

9. Improviso do Amor-Perfeito

Naquela nuvem, naquela,
mando-te meu pensamento:
que Deus se ocupe do vento.

Os sonhos foram sonhados,
e o padecimento aceito.
E onde estás, Amor-Perfeito?

Imensos jardins da insônia,
de um olhar de despedida
deram flor por toda a vida.

Ai de mim que sobrevivo
sem o coração no peito.
E onde estás, Amor-Perfeito?

Longe, longe, atrás do oceano
que nos meus olhos se alteia,
entre pálpebras de areia…

Longe, longe… Deus te guarde
sobre o seu lado direito,
como eu te guardava do outro,
noite e dia, Amor-Perfeito.

Obra sobre o amor perdido Improviso do Amor-Perfeito
Última estrofe de "Improviso do Amor-Perfeito", uma obra de Cecília Meireles. Sobreposto a um banco em frente a uma árvore, que tal qual seus galhos, encontra-se vazio e sem vida, o que se acentua com os tons pretos e brancos da fotografia desse silêncio. Crédito: A imagem do fundo é de Claudia Martinez.

10. Despedida

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranquilo:
quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? – me perguntarão.
— Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? – Tudo. Que desejas? – Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação…
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra…)

Quero solidão.

Versos sobre a solidão Despedida
Quarta estrofe de "Despedida", um poema de Cecília Meireles. Sobreposto a um mar agitado com tons de azul escuro em meio a um céu povoado por nuvens brancas a serem engolidas por outras carregadas em cor de um azul indigo. Crédito: A imagem de fundo é do autor com o nome de @jplenio no Instagram.

11. Personagem

Teu nome é quase indiferente
e nem teu rosto mais me inquieta.
A arte de amar é exatamente
a de se ser poeta.

Para pensar em ti, me basta
o próprio amor que por ti sinto:
és a ideia, serena e casta,
nutrida do enigma do instinto.

O lugar da tua presença
é um deserto, entre variedades:
mas nesse deserto é que pensa
o olhar de todas as saudades.

Meus sonhos viajam rumos tristes
e, no seu profundo universo,
tu, sem forma e sem nome, existes,
silêncio, obscuro, disperso.

Teu corpo, e teu rosto, e teu nome,
teu coração, tua existência,
tudo – o espaço evita e consome:
e eu só conheço a tua ausência.

Eu só conheço o que não vejo.
E, nesse abismo do meu sonho,
alheia a todo outro desejo,
me decomponho e recomponho.

Obra sobre o amor Personagem
Segunda estrofe de "Personagem", uma obra sobre o amor. Sobreposto a um pôr-do-sol com uma explosão de tons alaranjados e avermelhados, que partem do denso amarelo do sol, pincelando o céu e o mar. Crédito: A imagem do fundo é do autor Kordi Vahle.

12. Marcha

As ordens da madrugada
romperam por sobre os montes:
nosso caminho se alarga
sem campos verdes nem fontes.
Apenas o sol redondo
e alguma esmola de vento
quebram as formas do sono
com a idéia do movimento.

Vamos a passo e de longe;
entre nós dois anda o mundo,
com alguns mortos pelo fundo.
As aves trazem mentiras
de países sem sofrimento.
Por mais que alargue as pupilas,
mais minha dúvida aumento.

Também não pretendo nada
senão ir andando à toa,
como um número que se arma
e em seguida se esboroa,
— e cair no mesmo poço
de inércia e de esquecimento,
onde o fim do tempo soma
pedras, águas, pensamento.

Gosto da minha palavra
pelo sabor que lhe deste:
mesmo quando é linda, amarga
como qualquer fruto agreste.
Mesmo assim amarga, é tudo
que tenho, entre o sol e o vento:
meu vestido, minha música,
meu sonho e meu alimento.

Quando penso no teu rosto,
fecho os olhos de saudade;
tenho visto muita coisa,
menos a felicidade.
Soltam-se os meus dedos ristes,
dos sonhos claros que invento.
Nem aquilo que imagino
já me dá contentamento.

Como tudo sempre acaba,
oxalá seja bem cedo!
A esperança que falava
tem lábios brancos de medo.
O horizonte corta a vida
isento de tudo, isento…
Não há lágrima nem grito:
apenas consentimento.

Versos sobre uma relacao Marcha
Primeiros quatro versos do poema "Marcha". Sobreposto à silhueta de um casal sentado e colados um ao outro, curtindo um belo pôr-do-sol, em meio às gramíneas e às plantas. Crédito: A imagem do fundo é do fotógrafo com o nome de @leandreja no Instagram.

“Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.”

Cecília Meireles

Cecília Meireles foto sorrindo
Foto de Cecília Meireles sorrindo

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