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Os 12 Melhores Poemas da Cora Coralina 👵

Veja os poemas de Cora Coralina, listados abaixo e logo em seguida, confira uma breve introdução sobre essa inteligente e encantadora poetisa!

  1. Assim eu vejo a vida
  2. Poesia de Natal
  3. Ofertas de Aninha
  4. Poeminha amoroso
  5. Ainda não
  6. O Cântico da Terra
  7. Aninha e suas pedras
  8. Coração é terra que ninguém vê
  9. Meu Epitáfio
  10. Amigo
  11. Humildade
  12. Cora Coralina, Quem é você?

Cora Coralina, ou Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, adotou tal pseudônimo aos 14 anos. De acordo com a poetisa, gostaria de se diferenciar das muitas “Anas”, que moravam na Cidade de Goiás, muito por conta de Santa Ana ser a padroeira do local.

Desde pequena, buscando seu destaque. Uma inspiração para explorarmos os nossos!

Ao longo de sua vivência por diferentes cidades, a renomada autora costumou investir parte do seu tempo em atividades comunitárias. Bem como realizava publicações em jornais e dedicava-se à culinária como profissão e paixão. Uma doceira de mão cheia!

Não é à toa, que seus poemas são bem temperados!

A escritora apresentou uma obra única e singular, que não se vinculava aos movimentos literários da época. No entanto, sua escrita exibe traços vigentes na escola Modernista, colaborando com muita virtude ao movimento.

Os poemas de Cora Colina possuem, como temas mais corriqueiros, a abordagem do aspecto cotidiano da vida, a Cidade de Goiás, a sua infância, a educação escolar e identidade. Assim como apresentam marcas de oralidade, da contadora de histórias que foi.

Além disso, a autora também concedeu voz a indivíduos marginalizados em suas obras. Dentre eles, as mulheres eram as principais, comumente lavadeiras e garotas de programa. Ao mesmo tempo em que discorria sobre o abandono infantil e a pobreza.

Uma mulher dessas, bixo!

Enfim, apresento a vocês, a seguir, parte da essência eternizada, desta grande escritora. Confira toda a poesia de Cora Coralina!

Leia os Poemas de Cora Coralina

1. Assim eu vejo a vida

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

Poemas de Cora Coralina Assim eu vejo a vida
Últimos cinco versos de "Assim eu vejo a vida", um dos cativantes poemas de Cora Coralina. Sobreposto à face determinada e de olhar perseverante de uma mulher, que se destaca em um fundo escuro.

2. Poesia de Natal

Enfeite a árvore de sua vida
com guirlandas de gratidão!
Coloque no coração, laços de cetim rosa,
amarelo, azul, carmim,
Decore seu olhar com luzes brilhantes
estendendo as cores em seu semblante

Em sua lista de presentes
em cada caixinha embrulhe
um pedacinho de amor,
carinho,
ternura,
reconciliação,
perdão!

Tem presente de montão
no estoque do nosso coração
e não custa um tostão!
A hora é agora!
Enfeite seu interior!
Sejas diferente!
Sejas reluzente!

Poesia de Natal Cora Coralina
Os quatro versos finais de "Poesia de Natal", de Cora Coralina. Sobrepostos à feição sorridente e repleta de plenitude de uma mulher.

3. Ofertas de Aninha

Eu sou aquela mulher
a quem o tempo
muito ensinou.
Ensinou a amar a vida.
Não desistir da luta.
Recomeçar na derrota.
Renunciar a palavras e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos.
Ser otimista.
Creio numa força imanente
que vai ligando a família humana
numa corrente luminosa
de fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana.
Creio na superação dos erros
e angústias do presente.
Acredito nos moços.
Exalto sua confiança,
generosidade e idealismo.
Creio nos milagres da ciência
e na descoberta de uma profilaxia
futura dos erros e violências
do presente.
Aprendi que mais vale lutar
do que recolher dinheiro fácil.
Antes acreditar do que duvidar.

Poemas de Cora Coralina Ofertas de Aninha
Primeiros seis versos de "Ofertas de Aninha", um dos poemas de Cora Coralina com belas frases sobre a vida. Sobreposto a uma mulher sobre uma pedra às margens de um mar, contemplando um belo pôr-do-sol roxo e roseado, com os braços arqueados em celebração.

4. Poeminha amoroso

Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu…
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu…
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo…
eu te amo, perdoa-me, eu te amo…

Cora Coralina Poemas de Amor
Primeiros quatro versos de "Poeminha Amoroso", de autoria de Cora Coralina, um dos poemas de amor da escritora. Sobreposto a um casal entrelaçado em um abraço, que se fitam em um transe da paixão, enquanto o sol se põe por trás de seus pés.

5. Ainda não

I

Ainda não…
É a espera.
Afirmação
do tempo que vai chegar
no tempo que está passando.

II

Ainda não…
É a promessa.
Certeza
do tempo de querer
no tempo que vai chegando.
A mulher é a terra —
terra de semear.

III

Ainda não…
O tempo disse dormindo:
Por que esperar?
Plantar, colher
no amanhecer.
Não retardar o instante
maravilhoso da colheita.

IV

Veio o semeador,
semearam juntos
e colheram
o encantamento do fruto.
Lamentaram juntos
Retardamos tanto… no tempo.

Cora Coralina Poemas Pequenos Ainda não
Primeiros cinco versos da segunda estrofe de "Ainda não", de Cora Coralina, um dos poemas pequenos para se deleitar aos montes. Sobreposto ao mar, que conduz um barco em direção ao sol, que se põe, irradiando um forte alaranjado sob as nuvens que já acolhem a chegada do anoitecer.

6. O Cântico da Terra

Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranquila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranquilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.

Poesia de Cora Coralina O Cântico da Terra
Penúltima estrofe de "O Cântico da Terra", uma poesia de Cora Coralina sobre a vida. Sobreposto a uma trilha pavimentada por folhas corais que penderam do outono, cercada por árvores de troncos robustos e repletas de galhos densos em folhas.

7. Aninha e suas pedras

Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

Poema sobre a vida Aninha e suas pedras
Quatro primeiros versos de "Aninha e suas pedras", uma poesia de Cora Coralina, que fala sobre a vida. Sobreposto a uma mulher e seu cachorro ao topo de uma montanha, contemplando uma planície verde por entre névoas que se dissipam em nuvens ao céu azul.

8. Coração é terra que ninguém vê

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Sachei, mondei – nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei.

Semeador da Parábola…
Lancei a boa semente
a gestos largos…
Aves do céu levaram.
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
na terra dura
da ingratidão

Coração é terra que ninguém vê
– diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho,
– teu coração. Bati na porta de um coração.
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
foi que encontrei…

Poemas sobre o Amor Coração e terra que ninguém vê
Segunda estrofe de "Coração é terra que ninguém vê", um dos poemas de Cora Coralina, que aborda as relações pessoais. Sobreposto a um banco vazio de uma praça em uma serena manhã.

9. Meu Epitáfio

Morta… serei árvore,
serei tronco, serei fronde
e minhas raízes
enlaçadas às pedras de meu berço
são as cordas que brotam de uma lira.

Enfeitei de folhas verdes
a pedra de meu túmulo
num simbolismo
de vida vegetal.

Não morre aquele
que deixou na terra
a melodia de seu cântico
na música de seus versos.

Poesia curta sobre a Morte Meu epitáfio
Estrofe final de "Meu epitáfio", uma das belas obras de Cora Coralina. Sobreposto a uma árvore solitária em uma planície, que escoa a luz do sol poenta por entre seus galhos. Ao fundo um céu roxo de nuvens rosadas, que além do céu, também pintam o mar.

10. Amigo

Vamos conversar
Como dois velhos que se encontraram
no fim da caminhada.
Foi o mesmo nosso marco de partida.
Palmilhamos juntos a mesma estrada.

Eu era moça.
Sentia sem saber
seu cheiro de terra,
seu cheiro de mato,
seu cheiro de pastagens.

É que havia dentro de mim,
no fundo obscuro de meu ser
vivências e atavismo ancestrais:
fazendas, latifúndios,
engenhos e currais.

Mas… ai de mim!
Era moça da cidade.
Escrevia versos e era sofisticada.
Você teve medo. O medo que todo homem sente
da mulher letrada.

Não pressentiu, não adivinhou
aquela que o esperava
mesmo antes de nascer.

Indiferente
tomaste teu caminho
por estrada diferente.
Longo tempo o esperei
na encruzilhada,
depois… depois…
carreguei sozinha
a pedra do meu destino.

Hoje, no tarde da vida,
apenas,
uma suave e perdida relembrança.

Poesia sobre amizade O Amigo
Primeiros três versos de "Amigo", uma poesia de Cora Coralina sobre a amizade. Sobreposto a duas amigas pedalando lado a lado por uma estrada cercada por gramas e árvores. A imagem está toda em sépia.

11. Humildade

Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.

Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.

Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.

Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.

Poesia sobre Humildade
Três últimos versos de "Humildade", uma bela obra poética. Sobreposto à silhueta de uma mulher que contempla o pôr-do-sol com os braços abertos, ao topo de uma montanha.

12. Cora Coralina, Quem é você?

Sou mulher como outra qualquer.
Venho do século passado
e trago comigo todas as idades.

Nasci numa rebaixa de serra
Entre serras e morros.
“Longe de todos os lugares”.
Numa cidade de onde levaram
o ouro e deixaram as pedras.

Junto a estas decorreram
a minha infância e adolescência.

Aos meus anseios respondiam
as escarpas agrestes.
E eu fechada dentro
da imensa serrania
que se azulava na distância
longínqua.

Numa ânsia de vida eu abria
O vôo nas asas impossíveis
do sonho.

Venho do século passado.
Pertenço a uma geração
ponte, entre a libertação
dos escravos e o trabalhador livre.
Entre a monarquia caída e a república
que se instalava.

Todo o ranço do passado era presente.
A brutalidade, a incompreensão, a ignorância, o carrancismo.
Os castigos corporais.
Nas casas. Nas escolas.
Nos quartéis e nas roças.
A criança não tinha vez,
Os adultos eram sádicos
aplicavam castigos humilhantes.

Tive uma velha mestra que já
havia ensinado uma geração
antes da minha.
Os métodos de ensino eram
antiquados e aprendi as letras
em livros superados de que
ninguém mais fala.

Nunca os algarismos me
entraram no entendimento.
De certo pela pobreza que marcaria
Para sempre minha vida.
Precisei pouco dos números.

Sendo eu mais doméstica do
que intelectual,
não escrevo jamais de forma
consciente e racionada, e sim
impelida por um impulso incontrolável.
Sendo assim, tenho a
consciência de ser autêntica.

Nasci para escrever, mas, o meio,
o tempo, as criaturas e fatores
outros, contra-marcaram minha vida.

Sou mais doceira e cozinheira
Do que escritora, sendo a culinária
a mais nobre de todas as Artes:
objetiva, concreta, jamais abstrata
a que está ligada à vida e
à saúde humana.

Nunca recebi estímulos familiares para ser literata.
Sempre houve na família, senão uma
hostilidade, pelo menos uma reserva determinada
a essa minha tendência inata.
Talvez, por tudo isso e muito mais,
sinta dentro de mim, no fundo dos meus
reservatórios secretos, um vago desejo de analfabetismo.
Sobrevivi, me recompondo aos
bocados, à dura compreensão dos
rígidos preconceitos do passado.

Preconceitos de classe.
Preconceitos de cor e de família.
Preconceitos econômicos.
Férreos preconceitos sociais.

A escola da vida me suplementou
as deficiências da escola primária
que outras o destino não me deu.

Foi assim que cheguei a este livro
Sem referências a mencionar.

Nenhum primeiro prêmio.
Nenhum segundo lugar.

Nem Menção Honrosa.
Nenhuma Láurea.

Apenas a autenticidade da minha
poesia arrancada aos pedaços
do fundo da minha sensibilidade,
e este anseio:
procuro superar todos os dias
Minha própria personalidade
renovada,
despedaçando dentro de mim
tudo que é velho e morto.

Luta, a palavra vibrante
que levanta os fracos
e determina os fortes.

Quem sentirá a Vida
destas páginas…
Gerações que hão de vir
de gerações que vão nascer.

Poesia sobre a vida Quem é você
Penúltima estrofe de "Cora Coralina, Quem é você?", uma obra ímpar que funciona como um autorretrato da autora. Sobreposto a uma mulher na beira de uma montanha, que fita um caminho enevoado, com concentração.

“O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes.”

Cora Coralina

Cora Coralina foto feliz da autora
Foto de Cora Coralina
Por fim, deixo a bela manifestação de afeto redigida por Carlos Drummond de Andrade para a autora, na qual tece elogios a ela e ao seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais.

Confira a carta publicada no Jornal do Brasil em 1979 por Carlos Drummond de Andrade:

“Cora Coralina.

Não tenho o seu endereço, lanço estas palavras ao vento, na esperança de que ele as deposite em suas mãos. Admiro e amo você como alguém que vive em estado de graça com a poesia. Seu livro é um encanto, seu verso é água corrente, seu lirismo tem a força e a delicadeza das coisas naturais. Ah, você me dá saudades de Minas, tão irmã do teu Goiás! Dá alegria na gente saber que existe bem no coração do Brasil um ser chamado Cora Coralina.
Todo o carinho, toda a admiração do seu.”

Carlos Drummond de Andrade

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