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Os 12 Melhores Poemas de Florbela Espanca! 😔📜

Leia os poemas de Florbela Espanca, dispostos em uma lista, logo abaixo. Depois da lista, você pode ler uma introdução sobre essa cativante autora, ou pode ir direto para suas poesias!

  1. Lágrimas Soltas
  2. Fanatismo
  3. Desejos vãos
  4. Amar!
  5. Castelã da Tristeza
  6. De joelhos
  7. Volúpia
  8. À morte
  9. Se tu viesses ver-me
  10. Inconstância
  11. Vaidade
  12. Para quê?

Breve introdução sobre Florbela Espanca

Florbela da Alma da Conceição (1894-1930), ou Florbela Espanca, deixou um encantador legado ao mundo. Não só foi uma das maiores poetas de Portugal, como uma das primeiras feministas do país.

Em vida, a admirável autora desafiou o efeito que a sociedade machista tem sobre o comportamento das mulheres ao manter costumes boêmios e ao casar-se três vezes.

Seu pioneirismo ainda se estende ao fato de ser a primeira mulher a ingressar no curso de Direito da Universidade de Lisboa. Isso, após concluir seus estudos em Letras, onde também foi pioneira, junto de outras mulheres.

Profissionalmente, a cativante Florbela foi professora e jornalista de revistas e jornais, meio comumente dominado por homens. Enquanto escrevia e publicava contos e seus maravilhosos sonetos.

Infelizmente, a poeta sofria de uma doença mental, que a fragilizava tanto psicologicamente, quanto fisicamente. Tal fato, somado à dor inconsolável da morte de seu irmão, a levaram ao suicídio em seu aniversário de 36 anos.

Estilo da poeta

Em suas obras, a poetisa expressava a sua alma e por isso, sua arte apresenta uma densa carga emocional, proferida por meio de um marcante tom de confissão.

Suas poesias costumam abordar temas universais, como o amor, a saudade, o sofrimento, a solidão e a morte. Regularmente, em procura da felicidade em meio aos conflitos promovidos por tais assuntos.

Ainda que seu estilo literário lembre as características de poetas do romantismo, essa escritora ímpar não fez parte de nenhum movimento literário.

Agora que conhece mais da autora, leia uma seleção imperdível dos poemas de Florbela Espanca e sinta sua alma pulsando em cada verso.

Confira os Poemas de Florbela Espanca

1. Lágrimas Soltas

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida…

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das Primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago…
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim…

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Poemas de Florbela Espanca sobre tristeza e solidão
Última estrofe de "Lágrimas Soltas", um dos belos poemas de Florbela Espanca, sobre a tristeza e a solidão. Sobreposto a imagem de uma mulher com feições de tristeza em meio ao fim de uma crise de choro em fotografia preto e branco. Crédito: A imagem de fundo é de @victoriaborodinova.

2. Fanatismo

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida…
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

“Tudo no mundo é frágil, tudo passa…”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!…”

Fanatismo Florbela Espanca Poesias de amor
Primeira estrofe de "Fanatismo", de Florbela Espanca, uma magnífica poesia sobre amor. Sobreposto à silhueta de um casal em meio à vastidão do céu azul povoado de estrelas cintilantes. Crédito: A imagem de fundo é de Mihai Paraschivi.

3. Desejos vãos

Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!

Eu queria ser o sol, a luz intensa
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até da morte!

Mas o mar também chora de tristeza…
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos céus, os braços, como um crente!

E o sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as pedras… essas… pisa-as toda a gente!…

Poemas de Florbela Espanca Desejos Vãos
Estrofe inicial de "Desejos vãos", um dos maravilhosos poemas de Florbela Espanca. Sobreposto a um barco simples, que navega o oceano calmo, sob um céu azul e de poucas nuvens. Crédito: A imagem de fundo é de @lukas.d.bieri.

4. Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui… além…
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente…
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!…
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder… pra me encontrar…

Amar Florbela Espanca Poesias sobre a vida
Estrofe final de "Amar!", de Florbela Espanca, uma das lindas poesias da autora sobre a vida. Sobreposto à silhueta de uma mulher de costas, que contempla a beleza e imensidão da natureza de um planalto, em meio a um sereno pôr-do-sol.

5. Castelã da Tristeza

Altiva e couraçada de desdém,
Vivo sozinha em meu castelo: a Dor!
Passa por ele a luz de todo o amor…
E nunca em meu castelo entrou alguém!

Castelã da Tristeza, vês? A quem?
— E o meu olhar é interrogador
Perscruto, ao longe, as sombras do sol-pôr…
Choro o silêncio… Nada… Ninguém vem…

Castelã da Tristeza, porque choras?
Lendo, toda de branco, um livro de horas,
à sombra rendilhada dos vitrais?

À noite, debruçada, pelas ameias,
Porque rezas baixinho? Porque anseias?
Que sonho afagam tuas mãos reais?

Poesias de Florbela Espanca sobre solidão
Primeira estrofe de "Castelã da Tristeza", um dos poemas de Florbela Espanca sobre a tristeza. Sobreposto à silhueta de uma mulher em um balanço de cordas e madeira, pendurado em um galho de uma árvore desfolhada, em meio a um tempo nublado de azul cinzento de tom escuro. Crédito: A imagem de fundo é de Mohamed Hassan (Facebook).

6. De joelhos

Bendita seja a Mãe que te gerou.
Bendito o leite que te fez crescer
Bendito o berço aonde te embalou
A tua ama, pra te adormecer!

Bendita essa canção que acalentou
Da tua vida o doce alvorecer …
Bendita seja a Lua, que inundou
De luz, a Terra, só para te ver …

Benditos sejam todos que te amarem,
As que em volta de ti ajoelharem
Numa grande paixão fervente e louca!

E se mais que eu, um dia, te quiser
Alguém, bendita seja essa Mulher,
Bendito seja o beijo dessa boca!

Poesias de Florbela Espanca sobre amor
Segunda estrofe de "De joelhos", uma das belas poesias de Florbela Espanca sobre o amor. Sobreposto às sombras de um casal que se beija apaixonadamente sob um feixe espesso da luz do sol.

7. Volúpia

No divino impudor da mocidade,
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frêmito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!

A sombra entre a mentira e a verdade…
A nuvem que arrastou o vento norte…
— Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!

Trago dálias vermelhas no regaço…
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!

E do meu corpo os leves arabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças…

Poema erótico Volúpia
Estrofe inicial de "Volúpia", um poema erótico de Florbela Espanca. Sobreposto a um casal que se abraça de forma amorosa e prazerosa, após compartilharem um momento de prazer. Crédito: A imagem de fundo é de Suicide Omen.

8. À Morte

Morte, minha Senhora Dona Morte,
Tão bom que deve ser o teu abraço!
Lânguido e doce como um doce laço
E como uma raiz, sereno e forte.

Não há mal que não sare ou não conforte
Tua mão que nos guia passo a passo,
Em ti, dentro de ti, no teu regaço
Não há triste destino nem má sorte.

Dona Morte dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto!

Vim da Moirama, sou filha de rei,
Má fada me encantou e aqui fiquei
À tua espera… quebra-me o encanto!

Poesia sobre a morte
Estrofe inicial de "À morte", uma sublime poesia de Florbela Espanca, sobre a morte. Sobreposto a um pôr-do-sol, que irradia tons alaranjados pelo céu nuveado e o mar que desemboca nas areias úmidas de uma praia. Crédito: A imagem de fundo é de Kordi Vahle.

9. Se tu viesses ver-me

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços…

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca… o eco dos teus passos…
O teu riso de fonte… os teus abraços…
Os teus beijos… a tua mão na minha…

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca…
Quando os olhos se me cerram de desejo…
E os meus braços se estendem para ti…

Versos sobre amor
Primeira estrofe de "Se tu viesses ver-me", um lindo soneto de Florbela Espanca sobre o amor. Sobreposto a imagem um casal que pedalam juntos em meio a um pôr-do-sol de céu de um fraco alaranjado, com tons rosados. Crédito: A imagem de fundo é do site Pexels.

10. Inconstância

Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer…
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando…

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também… nem eu sei quando…

Soneto triste sobre o amor
Estrofe inicial de "Inconstância", um soneto sobre as mazelas de um amor ruim. Sobreposto a um campo alaranjado com uma árvore solitária no horizonte, sob um céu tomado por nuvens imponentes e alaranjadas. Crédito: A imagem de fundo é de Bessi pixabay.

11. Vaidade

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo…
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho… E não sou nada!…

Versos sobre a vaidade
Estrofe inicial de "Vaidade", um soneto com ótimos versos sobre a vaidade e inspiradores. Sobreposto à silhueta de uma mulher de perfil à frente de um céu azul com nuvens alaranjadas. Crédito: A imagem de fundo é de @coksaaaa11.

12. Para quê?

Tudo é vaidade neste mundo vão…
Tudo é tristeza, tudo é pó, é nada!
E mal desponta em nós a madrugada,
Vem logo a noite encher o coração!

Até o amor nos mente, essa canção
Que o nosso peito ri à gargalhada,
Flor que é nascida e logo desfolhada,
Pétalas que se pisam pelo chão!…

Beijos de amor! Pra quê?!… Tristes vaidades!
Sonhos que logo são realidades,
Que nos deixam a alma como morta!

Só neles acredita quem é louca!
Beijos de amor que vão de boca em boca,
Como pobres que vão de porta em porta!…

Soneto triste sobre a vida
Primeira estrofe de "Para quê?", um soneto pessimista sobre a vida. Sobreposto às sombras de cactos, sob um céu estrelado brilhante, de tons azuis cintilantes. Crédito: A imagem de fundo é de Skeeze.

“Se penetrássemos o sentido da vida seríamos menos miseráveis.”

Florbela Espanca

Florbela Espanca foto
Foto de Florbela Espanca

Os Poemas de Florbela Espanca te tocaram? Então leia uma carta da autora!

Enfim, a seguir, deixo uma das últimas cartas da poeta ao professor italiano Guido Batteli, com quem mantinha correspondência por cartas durante os 6 meses antecedentes ao seu trágico fim.

Nesta carta, a autora cita a finalização de seu último livro, “Charneca em Flor”, que fora publicado pelo seu professor, um mês após seu falecimento.

O trecho a seguir é do livro “Afinado Desconcerto (contos, cartas, diário)”, de Maria Lúcia Dal Farra:

Mat., 3-8-1930

Meu querido amigo,

Finalmente instalada e um pouco refeita da fadiga da viagem, venho agradecer-lhe a sua última carta recebida em Évora.

Já tinha saudades de conversar consigo. É assim um católico tão convencido? Eu não sou católica, como não sou protestante nem budista, maometana ou teosofista. Não sou nada. E nem sequer poderá servir-me o preceito divino: Aquele que me procura, já me encontrou, porque eu não procuro… O meu racionalismo à Hegel, apoiado numa espécie de filosofia à Nietzsche, chegou-me por muito tempo. Hoje… a minha sede de infinito é maior do que eu, do que o mundo, do que tudo, e o meu espiritualismo ultrapassa o céu. Nada me chega, nada me convence, nada me enche. Sou um pobre que nenhum tesoiro acha digno das suas mãos vazias. A morte, talvez… esse infinito, esse total e profundo repouso; não me queira tirar a certeza de que ela é tudo isto: seria uma maldade, quase um crime. Pense bem: eu, que não sei o que é dormir uma noite inteira, dormir muitas, dormir todas e todos os dias e todos os anos, pelos séculos dos séculos! Só esta ideia me faz sorrir. Deve ser tão bom!

Não sei o que há em mim que me envenena todas as horas da vida. Posso dizer como Duvernois: “Ma vie c’est une promenade de prisonnier dans un chemin de ronde. Je tourne et ne vois que des murs…” Às vezes, parece que tenho qualquer missão a cumprir, qualquer coisa a fazer; mas não sei o que é, não compreendo, e esta inquietação mina-me, rói-me; esta interrogação, esta contínua busca, cada vez mais ansiosa, dentro de mim mesma, desvaira-me. Estou hoje num dos meus dias maus, não lhe devia escrever; mas, erguer todos estes fantasmas em frente da sua alma compreensiva e boa, da sua alma amiga, é um alívio e um refrigério. Perdoe o egoísmo à sua pobre Soror Saudade; hoje mais Soror Saudade do que nunca. Às vezes sinto em mim uma elevação de alma, o vôo translúcido duma emoção em que pressinto um pouco do segredo da suprema e eterna beleza; esqueço a minha miserável condição humana, e sinto-me nobre e grande como um morto. É um instante… Tudo depois é tão vago, de tal maneira solto e impreciso, de tal forma inerte e passivo, que tenho a impressão nítida de ter vindo de longe cumprir a pena do crime de ter nascido. E de todas as minhas tristezas não tenho tirado nada. Boa? Não sei… creio que não. Perdoo facilmente as ofensas, mas por indiferença e desdém: nada que me vem dos outros me toca profundamente. O amor! Ah, sim, o amor! Linda coisa para versos! A minha dolorosa experiência ensinou-me que sou só, que por mais que a gente se debruce sobre o mistério duma alma nunca o desvenda, que as palavras nada exprimem do que se quer dizer e que um grande amor, de que a gente faz o sangue e os nervos e as próprias palpitações da nossa própria vida, não passa duma pobre coisa banal e incompleta, imperfeita e absurda, que nos deixa iguais, miseravelmente iguais ao que éramos dantes, ao que continuaremos a ser. Então… para quê?…

Tenho imensa pena de lhe não poder dizer, com verdade, que sou feliz. Lembre-se de que eu sou um canceroso: podem as várias morfinas aliviar-me, curar-me nunca. Estou doente, tenho os nervos destrambelhados. Apetecia-me agora estar longe, longe, nesse claustro de Santa Cruz da sua linda Florença. Soror Saudade sentir-se-ia ali no seu lugar; a triste monja sem fé encheria o olhar da luz suave e amortecida, toda em sedas pálidas, que a tardinha lhe trouxesse, como um divino milagre, ao seu coração chagado. Soror Saudade quereria não pensar, sobretudo não pensar, quereria poisar as mãos, devagarinho, no rebordo duma taça de mármore onde dormisse um pouco de água limpa e contemplar, entre os muros do claustro, o céu, lá no alto; em campo azul, um heráldico pombo branco, enquanto lírios muito roxos, a seus pés, inclinassem a cabeça a meditar… O meu grande amigo dirá antes que Soror Saudade precisa, indiscutivelmente, duma cela em Rilhafoles…

Gosto imenso do seu grande Ruben Darío. Mas também são dele estes dois belos versos:

“Pues no hay dolor más grande que el dolor de ser vivo,

Ni mayor pesadumbre que la vida consciente”.

Os meus progressos em italiano! Si on peut dire… Mereço não 16 mas 0, ou ainda mesmo alguns décimos abaixo de 0. É muito difícil, muito, muito difícil. Eu é que tenho que lhe dar os parabéns pelo seu óptimo português: Bravo! Muito, muito bem! Achei graça à dificuldade do burel e do mel. Que trabalhos por minha causa, e que bondade a sua em se interessar assim por um bichinho tão pouco interessante como eu sou!

Guardo carinhosamente a promessa da sua visita. Que não fique apenas em promessa… Depressa, sim?

Fez muito bem em ter dormido como um anjo, pois a causa da insónia seria uma ilusão como muitas… A minha boca é isso tudo só em verso… na realidade é pálida, fria e inexpressiva como a boca duma velhinha morta.

Tinha assim um tão grande desejo que o Cristo bizantino o remoçasse? Que ideia! Para quê? Eu quereria antes que ele me envelhecesse vinte anos num só dia. Vinte anos! Tanto tempo! Que farei eu ainda de vinte anos, meu Deus?! Tanto, tanto tempo!…

Envio-lhe os meus dois últimos sonetos. Tenho ultimamente trabalhado bastante. Charneca em Flor está pronto, visto e revisto, e não me parece mal. Que dirá o Mestre?…

E adeus, um adeus que eu espero seja um “até breve” muito feliz.

Bela

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